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Foto do escritorEducardor Ágil

Uso de bioinsumos favorece a presença de inimigos naturais nas culturas de soja e milho

Estudos do projeto Regenera Cerrado, no sudoeste goiano, apontam o efeito do uso de produtos biológicos sobre as populações desses organismos



Os inimigos naturais são organismos fundamentais na agricultura regenerativa, pois ajudam a controlar pragas e doenças, mantendo o equilíbrio ecológico e a saúde dos agroecossistemas. No projeto Regenera Cerrado, uma equipe de pesquisadores em entomologia (estudo dos insetos e sua relação com o ecossistema) está dedicada à avaliação do efeito do uso de bioinsumos sobre a dinâmica de populações de insetos-pragas e de seus inimigos naturais, nos cultivos de soja e milho.


“O objetivo é observar como essas práticas, associadas às práticas agrícolas que promovem a conservação do solo, influenciam no funcionamento do controle biológico natural exercido por predadores, parasitoides, parasitas e doenças de insetos”, explica a pesquisadora Eliana Fontes (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargen) que atualmente coordena a equipe.


As pesquisas estão sendo realizadas em 12 fazendas que integram o projeto, no Sudoeste do estado de Goiás, no Bioma Cerrado. As áreas de estudo foram distribuídas em dois grupos, uma com maior uso de biopesticidas (grupo 1) e a outra com maior uso de insumos químicos (grupo 2), abrangendo um total de 16 talhões de estudo.


De acordo com os pesquisadores envolvidos nesses estudos do Regenera Cerrado, os resultados indicam maior abundância de inimigos naturais nos talhões tratados com inseticidas biológicos em comparação aos químicos. Nessas áreas, eles relatam maior presença de artrópodes predadores como aranhas (Araneae), formigas (Hymenoptera - Formicidae) e tesourinhas (Dermaptera). Foi observada também maior abundância e diversidade de parasitoides e de patógenos que atacam lagartas e percevejos.


Na primeira fase da pesquisa, foi caracterizada a diversidade de espécies de artrópodes e de seus papéis ecológicos, e o reconhecimento dos principais grupos taxonômicos de insetos encontrados na lavoura. Estes dados foram usados para testar possíveis relações entre os tipos de inseticidas utilizados - classificados de acordo com o potencial de periculosidade ambiental (PPA) - e a abundância e flutuação populacional de espécies e funções ecológicas selecionadas.


Os resultados da pesquisa estão disponíveis no documento “Efeito do uso de bioinsumos sobre populações de pragas e inimigos naturais na cultura da soja no Sudoeste de Goiás”, disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1165522 


Conforme pontuam os pesquisadores, os resultados preliminares permitem vislumbrar perspectivas favoráveis na utilização de bionsumos no controle de artrópodes-praga, considerando que a abundância de inimigos naturais foi maior no grupo 1, onde houve maior utilização desse tipo de insumos.


Ressalta-se que todas as fazendas estão adotando práticas regenerativas para recuperar a saúde do solo, o que reflete na ação dos inimigos naturais. O controle biológico natural está em funcionamento em todos os talhões de estudo, mas com tendência de melhor desempenho naqueles onde foram aplicados bioinseticidas para o controle de insetos pragas. Observou-se, por exemplo, uma mortalidade de até 50% de lagartas por ação de parasitoides e de doenças causadas por microrganismos que atacam insetos, em fazendas que adotam mais práticas regenerativas.


“A transição gradual do uso de inseticidas químicos para produtos biológicos é uma estratégia eficaz para promover o controle biológico natural e preservar a diversidade de insetos benéficos”, ressalta Eliana Fontes.


A pesquisadora acrescenta que essa abordagem, de substituição do uso de inseticidas químicos de amplo espectro por bioinseticidas específicos para os insetos-alvo, está alinhada com a crescente conscientização sobre a necessidade de práticas agrícolas mais sustentáveis para enfrentar os desafios ambientais e conservar a biodiversidade.


Fontes acrescenta que práticas de agricultura regenerativa favorecem a presença e a eficiência dos inimigos naturais através de estratégias como a diversificação de culturas, cobertura de solo, manutenção de faixas de flores, cercas-vivas e bordas de campos, que servem como refúgios para predadores e parasitoides.


Ela também menciona a minimização do uso de pesticidas químicos, o uso de compostagem e o manejo orgânico do solo, o que promove uma microbiota saudável no solo, promove a saúde das plantas e a presença de inimigos naturais.


“Essas práticas criam um ambiente agrícola onde os inimigos naturais podem prosperar, aumentando sua eficácia no controle de pragas e contribuindo para sistemas agrícolas mais sustentáveis e resilientes”, pontua a pesquisadora.


Eliana acrescenta que os estudos na área de entomologia se somam às demais áreas de pesquisa do Projeto Regenera Cerrado, numa colaboração interdisciplinar nesta construção do conhecimento sobre agricultura regenerativa.


“Agradecemos ao Professor Tavvs Alves, do Instituto Federal Goiano, pela coordenação dos trabalhos de campo e laboratório até janeiro deste ano, e a todos e todas que colaboraram com esta pesquisa”, destaca Eliana.


Sobre o Regenera Cerrado


O Regenera Cerrado tem como objetivo disseminar técnicas de agricultura regenerativa, respaldadas cientificamente e que sirvam de exemplo escalável de produção de soja e milho para o Brasil e para o mundo.


Idealizado no Instituto Fórum do Futuro, em 2022, o projeto conta com o patrocínio da Cargill, execução operacional do Instituto BioSistêmico (IBS) e parceria de 9 instituições nacionais e 12 fazendas da região no entorno do município de Rio Verde, no sudoeste de Goiás.


As instituições parceiras no Projeto Regenera Cerrado são a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), o Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (GAPES), o Instituto Federal Goiano, a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Brasília (UnB).


Para mais informações sobre o projeto, acesse o site do Instituto Fórum do Futuro!

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